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A Aluna e o Professor - Parte Final




Uma vez aqui no blog comecei a contar uma história; A Aluna e o Professor - Parte 01 e depois me perdi entre postagens e deixei aqui rascunhada a parte 2 e nunca mais mexi. Hoje, deletando postagens, vendo rascunhos, achei por aqui... revi os comentários e emails me perguntando o fim da história, então vou deixá-la aqui inteira. Boa leitura!


















Faculdade.1993.Ela, 23 anos.Ele,43.20 anos de diferença... e experiência. Ele, professor.Ela,aluna.Ele, estudioso.Ela, sem juízo.








O primeiro dia que entrou na sala e viu o "prof." como chamavam na época não gostou dele.Sentiu raiva na hora.Assistiu a aula criticando-o o tempo todo.Ao término foi até ele:"Quantas faltas posso ter em sua aula?" ele respondeu educadamente: "12".Olhou pra ele com desdém e disse:"Terei todas" e saiu. Chegou em casa irritada. O professor não saía de sua cabeça: "Cara arrogante, metido a inteligente...Acha que é quem?". À noite teve febre e delirou que o professor estava ao seu lado.Sentiu medo, muito medo.Pensou:"epa, devo ficar longe dele.Coisa mais estranha". Não era. Apaixonara-se à primeira vista. Ou à primeira aula. Não perdeu uma aula dele, pelo contrário, virou a melhor aluna e achava que ele não a notava.Fez a primeira prova. Dias depois percebeu que ele sempre saía da aula e ia para o pátio conversar com ela.Ela ria das histórias dele. Ele ria das bobagens dela. Pensava em fugir dele, mas era tão bom estar perto dele. Ele pediu o telefone dela. Ela desconversou. Em outro dia ele disse;"gostaria do seu telefone, temos algo a discutir sobre a avaliação". "Que desculpa esfarrapada", ela pensou. Não houve como não dar. Ele ligou. Conversaram amenidades, ao final, ele convidou-a para jantar. Ela aceitou.Vestiu-se bonita. Ele chegou e a elogiou: "bonita e cheirosa..." Deu um sorriso amarelo. O coração ia sair pela boca. A impressão era que ele poderia escutá-lo. "Fique calma, droga!" Levou-a para a casa dele. "Não íamos jantar?""Nós vamos". Ele havia cozinhado, preparado tudo. Um vinho suave. Boa música.Não resistiu. Acabaram na cama.Ela ficou. Ele levantou.foi para a sala, pegou o violão e tocou e cantou:










Eu quero uma mulher




que seja diferente 


de todas que eu já tive,


de todas tão iguais


que seja minha amiga,


amante, confidente 


a cúmplice de tudo


que eu fizer a mais.


No corpo tenha o Sol


no coração a Lua


a pele cor de sonho


as formas de maçãs


a fina transparência


uma elegância nua


o mágico fascínio


o cheiro das manhãs.






Eu quero uma mulher


de coloridos modos


que morda os lábios sempre


que for me abraçar


no seu falar provoque


o silenciar de todos


e seu silêncio obrigue


a me fazer sonhar


Que saiba receber


que saiba ser bem-vinda


que possa dar jeitinho


a tudo que fizer


que ao sorrir provoque


uma covinha linda


de dia, uma menina


a noite, uma mulher.


(A Cúmplice - Juca Chaves)





Ela se levantou e encostou-se na porta do quarto, só vestida com uma blusa.Foi a coisa mais linda que já tinham feito pra ela.Cada detalhe elaborado.Se já não estivesse apaixonada por ele, apaixonaria-se ali.Levou-a embora para casa.Estacionou e disse: "Menina, posso te dizer uma coisa e você promete não ficar brava?" "Claro!" "Sabe, você tem os olhos mais tristes que eu já vi. Olhos de mulher mal-amada""O quê? Tá me xingando?" "Não, nada disso.Deixa eu explicar.Olhos de quem ainda não foi amada." Ela nada disse. Ele continuou:"Pois olha, menina, eu vou te amar tanto, mas tanto, que quando eu sair da sua vida, você vai me prometer que você NUNCA vai aceitar menos de um homem do que eu te dei" e deu um beijo nela...






A menina era eu...E ele cumpriu o que disse.








Ficamos juntos um ano. Terminamos umas dez vezes, por conta das crises existenciais dele. Estava na época separado de alguém que morava em outro estado. Mas havia filhos no meio, o que dificultava tudo. Comigo, o problema maior ram meus pais, que haviam me deixado na cidade apenas para estudar e uma pessoa assim na minha vida não seria bem vinda, muito menos por conta da idade dele que era a do meu pai. Era um sofrimento. Ele chorava. Eu chorava. Eu o amava. Ele me amava.




Durante o ano em que ficamos juntos, ele cuidou muito bem de mim e me deu muito carinho, amor, respeito. Aprendi a estudar, a ser mais responsável, virei realmente uma acadêmica. Eu o amaria pra sempre, eu pensava. Cheguei a pedir a Deus que nunca colocasse homem nenhuma mais no meu caminho em oração, se houvesse a possibilidade de ficarmos juntos. Claro que ele nunca soube disso. Quantas coisas que contamos apenas para Jesus, não é mesmo?






Bem, em uma dessas crises ele resolveu se mudar da cidade e voltar à família. Ouvi tudo que ele tinha a me dizer. Que eu era muito nova. Que se ficasse comigo eu o chamaria de velho quando ele tivesse 60 e eu 40, por exemplo (idade que temos hoje). Que eu o trairia e etc, etc, etc. Que nunca daria certo...




Ouvi. Fiquei triste e disse magoada: "Pode ir, mas não ficaremos mais juntos".


Ele riu. Riu muito mesmo. Gargalhou. Disse: "Jôse, o que nós temos você nunca vai esquecer e nem eu". "Vou ficar vindo aqui te ver". Sabe, eu não disse nada na hora. minha dor era tão grande mas tão grande, que palavras não a expressariam e olha que tenho bom vocabulário. Eu só pensava: "você que pensa".






E ele foi. E eu fiquei. Emagreci mais de dez quilos. Chorei noite e dia. Rezei até ficar com os joelhos calejados. Sofri muito. E nada dele. Um mês, dois, três... nada. Nem um telefonema. Nem um "tenho saudade". Nada. Deixou-me assim com a certeza de que eu não tinha sido nada na vida dele. Porque com a distância, nenhuma certeza mais se segura. Ele me amava. Será? A gente se dava bem. Será? Nada é mais certo. Tudo se envolve numa densa fumaça onde você vê apenas o seu sofrimento e o não estar junto do outro que, ou é mais forte que você ou simplesmente não te amava. São os fatos. E nós, mulheres, sempre optamos pela segunda opção.







E você tem que sobreviver. Dar valor à outra pessoa. Assim fiz. Comecei a namorar outro.










Bem, mas... depois que ele foi embora e se ajeitou por lá nos primeiros meses não me procurou, como eu disse, mas depois de uns quatro meses, ele veio à cidade e me telefonou. Não havia internet, nem celular. Ligou em casa. Atendi o telefone sem nem me lembrar dele e ouvi a voz. " Estou na cidade". Desliguei. Tirei da tomada o final de semana inteiro, até que ele fosse embora. E assim fiz todas as vezes que ele me telefonou. Todas as vezes que ele veio à cidade, até que ele não veio mais. Eu já estava casada. Fui casada por onze anos. Por onze anos, ele me procurou. Antes de me casar, namorei com o moço três anos, então, somando tudo foram 14 anos em que ele me telefonou, veio à cidade, me procurou. Algumas vezes eu atendia, quando ele ligava no serviço, conversava com ele, dizia como estava minha vida. Ele me perguntava se eu era feliz casada eu dizia que sim. Ele perguntava se viesse à cidade se eu me encontraria com ele, se eu o ouviria, eu dizia que não. Teve uma vez que me lembro ainda que ele ligou bêbado.Eu o ouvi. Só ouvi. Quando falei, falei apenas para que ele se cuidasse e que não me ligasse mais daquele jeito pois isso me fazia sofrer. Em nenhum momento tudo isso foi fácil pra mim. Eu respeitei a decisão dele de ir embora saindo totalmente da vida dele embora isso tenha me custado muitas lágrimas.






Bem, em 2005 eu me separei. Ele me procurou e disse que era um dos dias mais felizes da vida dele. e pediu para que eu fosse vê-lo. Falei que estava muito machucada e que novamente, eu não iria. Uns meses depois ele me ligou novamente e eu disse que iria vê-lo. Combinamos tudo. No outro dia ele me ligou. Disse que havia passado mal de pensar em me ver novamente depois de tanto tempo. E disse que não teria saúde pra me ver. Que estava pensando se seria bom pra ele reabrir uma ferida que custava a cicatrizar. Falei que tudo bem, que deixássemos então como estava. E ficamos assim, de vez em quando ele ligava, mandava email...






Em 2009, apenas, ele tomou coragem para pedir que eu fosse vê-lo. Ligou e disse que não adiantava.. que ele morria de saudade.. E eu fui.






05 de junho de 2009, desembarquei em Goiânia, ele me esperando. Foi uma cena bonita, depois de tanto tempo a gente se olhar e sorrir para o outro. Senti ternura. Carinho. Conversamos muito. Ele me contou o que sofreu, o que passou. Disse-me tudo que eu havia sonhado ouvir há mais de 14 anos. Disse-me que fui a única mulher que ele verdadeiramente amou nessa vida. Nos amamos em segundos...(Um aff bemmmmm grande aqui que fiquei a ver navios)




Disse tudo, de como quase desistiu de tudo por mim. De como eu o ignorei. Todas as palavras que eu pedi pra ouvir quando eu chorava e orava achando que ele não me amava, que não se lembrava de mim, eu ouvia agora. Ouvia tudo, sem emoção nenhuma. Os planos de ficarmos juntos...




No outro dia, simplesmente vim embora. Ainda nos correspondemos por email de vez em quando. Ele pergunta como vou, eu pergunto como ele vai. Simples assim.




















Moral da História, se é que há alguma...














O amor por ele passou pra mim. Um coração quebrado é difícil de ser consertado. Mas me arrependo. Eu o amava muito. Deveria ter sido amante dele, deveria ter feito o que fosse e ficado com ele. Deveria sim, ter atendido ao telefone, deveria ter até traído o meu ex-marido, se fosse necessário, que não valeu a pena, nem me fez feliz em onze anos como fui em um com ele. Mas a vida é assim. Não tem borracha. Fazemos escolhas e nem sempre elas são para que tenhamos felicidade. Fica apenas a lição:




Hoje, eu só tento ser feliz. Não penso mais no que será o amanhã, se algo é correto ou não. Se é moralmente correto, principalmente. Hoje eu só quero amar e ser amada. Ter momentos felizes ao lado de quem eu amar e pronto. O futuro? A Deus pertence.